Platão Nasceu em Atenas em 428 a.C proveniente de uma família da antiga nobreza; sabe-se que era descendente de Sólon por parte da mãe e do rei Codro por parte do pai. O seu verdadeiro nome era Arístocles contudo cedo os conterrâneos lhe colocariam o nome Platão, que significa "amplo", dado que tinha uns ombros excepcionalmente largos. Em jovem familiarizou com Crátilo, discípulo de Heraclito, tomando conhecimento com a doutrina heraclitiana. Com vinte anos começou a ser discípulo de Sócrates e foi-o até 399, ano da morte do mestre e que o levou a afastar-se uns tempos de Atenas: com efeito, as suas tentativas de salvar Sócrates da prisão tinha-no deixado em evidência. Quando regressou, instalou uma escola de Filosofia no Jardim Público de Atenas, que ficou conhecida como a Academia e que é considerada a primeira universidade da História.
Desde muito jovem que sempre se deixou dominar por interesses espirituais e políticos, tanto que pensava tornar-se um grande estadista. A restauração da democracia envolveu-o na vida política mas a condenação de Sócrates à morte cedo lhe criou no espírito repulsa pelo sistema político que vigorava. A partir daí, Platão dedicou grande parte do seu tempo a idealizar como se poderia melhorar a política de um Estado e acreditou que tal só seria possível com recurso à Filosofia e só esta poderia defender correctamente a Justiça. Como tal, à semelhança de Confúcio, não lhe bastou apenas idealizar: queria pôr em prática. Tornou-se sábio do tirano de Sicarusa, Dionísio, tendando ensiná-lo a governar como um homem sábio. Assustado com as ideias radicais de Platão, o rei vendeu-o como escravo. Platão seriacomprado por Aníceris de Cirene, um amante da Filosofia que o libertou e mandou de volta para Atenas. Já na sua cidade-natal, Platão recebeu uma carta de Dionísio na qual pedia desculpas, explicava que fora tudo um terrível engano e pedia que Platão o perdoasse. A essa carta, Platão limitou-se a responder "Estou demasiado ocupado com a minha Filosofia para perder tempo a pensar em Dionísio".
O caso de Dionísio de Siracusa não foi único: ao longo da sua vida Platão recebeu vários convites de governantes que, tomando conhecimento da sua boa fama enquanto pensador e do sucesso das suas ideias, o quiseram como planeador dos seus sistemas políticos; contudo, as ideias de Platão eram demasiado revolucionárias, acabando sempre por ser dispensado
Platão faleceu em 347 a.C com a idade de 81 anos, vítima de uma febre violenta.
"A República", ou "a primeira Utopia da História"
Espreitemos aquelas que são as características básicas do estado-modelo idealizado por Platão. Nesse Estado as crianças seriam o resultado de uma união comunal e não fruto de um casamento; na verdade o amor seria livre, tanto para homens como para mulheres, pois ninguém é propriedade de ninguém e os melhores homens unir-se-iam com as melhores mulheres a fim de produzirem uma prole superior. Essas crianças seriam depois entregues ao Estado e teriam conhecimento de quem seriam os seus pais, mas também não teriam interesse em saber: dessa forma o indivíduo passa a pertencer à comunidade e aprende a respeitar todos de igual forma, pois todos são pais e filhos de todos.
Até aos vinte anos tanto as meninas como os meninos receberiam a mesma educação e trabalhariam e brincariam juntos; teriam uma educação à base de ginástica e música, a primeira para conseguirem a harmonia do corpo e a segunda com vista à harmonia da alma. De facto a música detém um papel essencial na educação para Platão: no seu entender, esta é o princípio fundamental que impede o mundo de cair no caos e é a alma do Universo, sendo as estrelas e os planetas o seu corpo. Haveria também uma preocupação em garantir que o ensino fosse prazer e não tortura.
Uma vez chegados aos vinte anos, os jovens seriam separados consoante as suas capacidades: aqueles que se mostrassem incapazes de espírito para continuarem a sua educação tornar-se-iam lavradores e comerciantes, criando a classe mais baixa; os restantes, até aos trinta anos, dedicar-se-iam ao estudo das Ciências, como sendo a Aritmética, a Geometria e a Astronomia.
Aos trinta anos proceder-se-ia a um processo semelhante ao anterior: aqueles que cessassem os seus estudos com esta idade tornar-se-iam soldados para garatinrem a guarda do Estado. Platão desprezava a guerra pelo que a existência de soldados refere-se a um poder meramente defensivo e nunca agressivo. Os restantes dedicar-se-iam ao estudo da Filosofia durante cinco anos e porteriormente à arte de bem governar. Por fim, aos cinquenta anos, estariam preparados para assumirem os seus papéis de governantes-filósofos: para Platão o Estado ideal deve sempre ser fovernado pelos melhores. Assim o Estado apresentado por Platão assenta numa sofocracia, ou seja, no governo dos mais sábios. Estes não teriam propriedade privada nem seriam remunerados pelas suas funções a fim de evitar que os mais corruptos e ávidos de posses e riqueza procurassem o poder; só aqueles verdadeiramente importados em estabelecer a justiça entre os homens é que se arriscariam em empreender tal tarefa.
O Estado idealizado por Platão apresenta-nos também outras características interessantes. Platão advogada a expulsão de Homero e outros semelhantes dos estudos dos jovens: efectivamente é um insulto à inteligência fazer as almas memorizar e acreditar em histórias fantásticas dos seus deuses e nas sus fraquezas humanas, que também não são bons exemplos; a religião teria que ser adaptada à razão e portanto libertada dos seus mitos e milagres. Entre os homens as relações deveriam ser preferencialmente imparciais e os advogados seriam um mal desnecessário, uma vez que numa sociedade consciente, educada e culta as pessoas seriam as polícias delas mesmas. Em relação aos criminosos estes seriam dignos de piedade e não punidos: como se pode tornar dócil um cavalo com açoites ou tornar social um indivíduo afastado da sociedade? Os criminosos deveriam ser educados e dignos de um especial cuidado e as suas punições deveriam, isso sim, assentar numa reintegração através do trabalho em prol da comunidade. Um criminoso preso e trancado entre quatro paredes, além de nada aprender, é totalmente inútil e um fardo. Para além disto Platão apresenta-nos também outras ideias progressistas como o apoio à eutanásia e a defesa da igualdade entre os géneros.
No final, a pricipal e única tarefa do governo, da qual se substrairiam todas as restantes premissas, assenta numa única ideia: assegurar a felicidade dos cidadãos.
Obras
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