sábado, 14 de dezembro de 2013

APULEIO

Apuleio nasceu por volta de 125 em Madauros, na Argélia. O seu nome próprio é desconhecido (Apuleio é um apelido) mas pensa-se que possa ser Lúcio. Era filho de um duumuir (magistrado principal) que, deixando-lhe com a sua morte dois milhões de sestércios, lhe deu a possibilidade de usufruir de uma educação superior e de viajar. Seguindo-se-lhe dificuldades económicas causadas muito possivelmente por má gestão da fortuna, Apuleio contraiu matrmónio com a rica Emilia Pudentila, mão de um colega de estudos chamado Ponciano, o que lhe iria valer a grave acusação em tribunal de ter despertado o amor em Pudentila graças a artes mágicas (uma vez que Apuleio sempre demosntrara grande interesse pela alquimia e pelo oculto), acusação que poderia tê-lo conduzido à pena de morte.
Ao longo da sua a vida, para além da actividade literária, Apuleio dedicou-se a difundir as ideias platónicas que aprendera em Atenas. Já em Cartago aprofundou estudos na área da poesia, geometria, música e filosofia.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

PLUTARCO

Plutarco foi um filósofo, biógrafo, ensaísta e moralista grego que nasceu em Queroneia em 46 d.C. Estudou Ciências, Matemática, Filosofia e Retórica na Academia de Atenas, que havia sido fundada por Platão. Mais tarde viveu em Roma, onde deu aulas de Grego e Filosofia Moral e se tornou magistrado e embaixador. Também foi um sacerdote de Apolo no Oráculo de Delfos, que ficava perto da sua cidade natal. Devido ao seu grande prestígio, acabou por ganhar direitos de cidadão quer em Atenas, como em Delfos e em Roma.
Pliutarco morreu na mesma cidade onde nascera em 125 d.C. e os seus escritos, posteriormente, influenciaram vultos como Shakespeare, Montaigne e Rosseau.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

VIRGÍLIO

De verdadeiro nome Publius Vergilius Maro, nasceu no ano 70.C. em Mântua, pertencendo ao último século da era pré-cristã. Terá estudado as obras-primas da literatura grega e alexandrina, bem como a filosofia epicurista e acabou os seus estudos no ano 50 a.C. numa altura conturbada; o facto é que Virgílio assistiu a variadas convulsões políticas e sociais: desde o reacendimento da guerra civil ao assassinato de César e fim da sua ditadura em 44 a.C, acabando o poeta por ser expulso da sua província entre 42 e 40 a.C. devido a perturbações de ordem política. O que importa reter do resultado dos seus estudos é que Virgílio revelou ser extremamente culto: a sua cultura geral abarcava as letras, a filosofia, a história e foi mesmo até à matemática, ciências naturais e medicina.
No ano 31 a.C. Octávio (que se tornará mais tarde o imperador Augusto) restabelece a paz numa batalha que culminou na a morte de António e de Cleópatra, contudo Virgílio não mais voltará à sua terra natal. Ainda assim e poucos anos depois, a 27 a.C., concebeu o projecto de erigir uma homenagem à glória do imperador: "A Eneida", um poema épico e nacional. Nos anos que se sucederam ao início da redacção da epopeia, Virgílio dedicou-se a viajar com o intuito de visitar os locais em que passassem os episódios da sua narrativa para obter inspiração, informações históricas e dar um cunho de veracidade à obra. Aquando a sua visita a Mégara adoeceu e teve que retornar a sua casa em Atenas, onde viria a falecer no dia 21 de Setembro de 19 a.C. "A Eneida" é, assim, um livro póstumo.

PARMÉNIDES DE ELEIA

Parménides, cidadão de Eleia, teria nascido entre 540 e 439 a.C. segundo as indicações de Apolodoro, mas esta informação entra em oposição com o testemunho de Platão (grande admirador de Parménides) que afirmava que o mesmo teria sessenta e cinco anos quando conhecera Sócrates ainda muito jovem em Atenas. Assim, Parménides teria nascido algures entre 516 e 511 a.C e foi o primeiro a expor a sua filosofia em verso, exemplo que só seria retomado mais tarde por Empédocles. Do grande poema de Parménides "Da Natureza", contudo, só nos restam fragmentos que perfazem um total de cento e cinquenta e quatro versos.
Segundo Diógenes Laércio, Parménides, rico e virtuoso, teria sido discípulo de Xenófanes e de Anaximandro e ter-se-ia associado aos pitagóricos Amínias e Diochaito. Sabe-se que Parménides exerceu um grande impacto em Platão (que o apresentou para a posteridade como um velho homem de cabelo quase branco, elegante e de porte distinto) e que, para expressar a sua admiração, lhe dedicou um diálogo.

Algumas ideias

- o todo é finito, equidistante do centro;
- Deus é imutável, limitado e esférico;
- Tudo se processa em função da necessidade, que consiste numa conjuntura de fatalidade, justiça e providência criadora do mundo.

http://d-natureza.blogspot.pt/

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quarta-feira, 17 de julho de 2013

MARCO AURÉLIO

Com Marco Aurélio o estoicismo sobe ao trono imperial de Roma.
Marco Aurélio nasceu em 121 d.C. no seio de uma família nobre. Foi aos onze anos que Marco Aurélio decidiu ser filósofo; contra os hábitos da sua condição adoptou os trajes pobres dos filósofos, passou a comer menos e a dormir numa dura enxerga.
Aos dezoito anos o seu tio, o imperador Antonino Pio, adoptou-como filho para que fosse seu sucessor. O jovem Marco Aurélio era portanto o herdeiro do vasto Império; contudo apenas o império do espírito lhe interessava. Lastimava-o não poder dedicar a sua vida simplesmente ao estudo da Filosofia e a limitar-se a ser um nobre homem em vez de um homem nobre. Marco António foi assim educado da melhor maneira possível como comvinha a um futuro estadista que teria nas suas mãos o futuro da nação romana: teve aulas de Retórica, História, Política e das artes da guerra. A ele foi-lhe concedido o título de César. Entretanto Marco António vivia uma vida dupla: diante da corte comportava-se como um cortesão; nas suas horas vagas especulava sobre o que lhe dava prazer.
No ano 161 d.C. Antonino Pio morreu e Marco António subiu ao trono. Tempos conturbados esses que apanhou! Nessa altura Roma morria por dentro e por fora, assolada pelo crescente descrédito e descontentamento dos cidadãos romanos e a cobiça dos povos bárbaros ante a sua riqueza material, porque a espiritual já a nação já havia perdido há muito tempo. Roma era um sonho da qual se acordava lentamente e aquilo que ela fora perdia-se na névoa da memória. Ao ficar com tamanho encargo, o jovem rei-filósofo somente colocou para si mesmo uma condição: "Toma cuidado para não te transformares em César".
A vida de Marco Aurélio foi passada maioritariamente na sua tenda em campos de batalha. Herdara um Império a desmoronar-se e era seu dever, pelo menos, remendá-lo. Quando não estava em batalha ocupava-se da escrita. Da espada passava à pena; do coração passava à cabeça e logo ele que quanto não daria para se ocupar apenas da pena e da cabeça!
É célebre o episódio que foi tido como um milagre durante uma batalha entre as legiões romanas e os Quados; estes últimos, superiores em número, cortaram os suplimentos de água aos romanos que, com o passo lento dos dias, começaram a padecer de sede. Esperavam enfrentá-los no auge da fraqueza. Mas não é que então o céu se encheu de nuvens e começou a chover! Os romanos sedentos estenderam então os capacetes, encheram-nos e beberam à sua vontade. Ao mesmo tempo os relâmpagos acertaram no acampamento dos Quados e queimaram-nos. Os romanos atribuíram logo o termo de "milagre" ao sucedido e bendisseram Marco Aurélio e as coisas estranhas em que acreditava sobre um nazareno carpinteiro. O facto é que Marco Aurélio, apesar de ter sido educado como pagão, era cristão no seu íntimo e fazia-se acompanhar de recrutas que também o fossem. Ante o júbilo dos romanos, o imperador rejeitou o milagre: nao acreditava num Deus punitivo e destruidor e sim naquele Deus que prega a bondade e o amor entre os homens. Tal sucedido não poderia portanto ser da autoria do mesmo Deus. Num dos seus escritos diz-nos Marco Aurélio "Não posso zangar-me com os meus irmãos nem afastar-me deles. Porque somos, por natureza, feitos para nos ajudarmos uns aos outros."
Contudo, para além das incessantes guerras, mais um duro golpe havia de esperar o imperador: Avídio Cássio, o seu melhor amigo e general, crendo que com a sua força e audácia seria muito melhor governante que um filósofo de braço leve ergueu uma revolta, procurando apropriar-se do trono. Após espalhar a notícia de que o imperador morrera, convocou legiões inteiras para que o apoiassem como novo imperador e desafiou Marco Aurélio para uma batalha. Ao reunir as suas tropas para aceitar o desafio, disse-lhes "Companheiros de armas! O meu melhor amigo conspirou para me derrubar e obrigou-me, contra a minha vontade, a aceitar o combate. (...) Só uma coisa temo: que Avídio Cássio possa matar-se para poupar-se à vergonha de vir à minha presença ou que qualquer outro possa matá-lo ao saber que me encontro em marcha para a batalha. Nesse caso roubar-me-iam o prémio maior do vencedor: perdoar ao homem que procedeu mal contra mim e continuar amigo daquele que rompeu os laços de amizade que nos unia." Infelizmente, conforme a sua previsão, Avídio Cássio acabou por ser assassinado. Finda a rebelião, Marco Aurélio impediu que os rebeldes fossem executados e mandou-os de volta para as suas casas e em paz. Episódios como esse contribuíram imenso para a impopularidade do imperador ante os seus conterrâneos.
Depois da tempestade chega a calma e Marco Aurélio, quando sentiu que era apropriado, empreendeu uma longa viagem na qual visitaria as cidades que se tinham aliado à conspiração. Ia, contudo, na tentativa de restabelecer um laço com elas e não para as punir, pois o imperador escolhia o perdão à frente da vingança. Infelizmente, sucede-se um novo golpe: Faustina, sua esposa e prima, adoeceu e morreu. Mandou então, com o degsosto, construir uma estátua de ouro de Faustina para que o acompanhasse nas suas batalhas e, em sua memória, fundou um lar para meninas órfãs.
Em 179 d.C. derrotou a última das tribos rebeldes e poder-se-ia esperar que finalmente o imperador pudesse cessar em grande parte os seus deveres militares; mas, longe de ter tréguas, o imperador-filósofo contraiu uma doença durante a sua última campanha que o levaria à morte um ano depois. Imperador-filósofo que preferia ter sido Filósofo-imperador. Mas por mais rico que seja o espírito de um homem e forte o seu braço, quão fraco ele pode também ser! Os humanos são facilmente corrompíveis e o pobre imperador, que em toda a sua vida mais não queria que dedicar-se ao estudo da Filosofia e almejava o amor entre os homens, influenciado pela aura imperialista romana deixou-se corromper lentamente. Ele, que bebia o amor do carpinteiro nazareno, crucificado pelos romanos que governava, deu por si a crucificar já no fim da vida os chefes daqueles que vencia. "Si fueris Romae, romano vivito more". Como se cortuma dizer, "em Roma, sê romano. E Marco Aurélio, que dizia que o seu corpo era romano mas que o seu espírito pertencia ao mundo, acabou por romanizar-se por inteiro. "Toma cuidado para não te transformares em César" advertira-se. E contudo a sombra de um césar César, ou líder de armas, foi o que o imperador acabara por tornar-se ao longo da vida.
O imperador-filósofo morreu em 180 d.C. com a idade de cinquenta e nove anos, deixando um escrito composto por aforismos, intitulado "Meditações", dividido em doze volumes.

...

Reza uma história tradicional que, quando Marco António morreu, os vários deuse organizaram um banquete para celebrar a sua chegada. Presentes encontravam-se outros tantos imperadores mais antigos que iniciaram um concurso para decidirem qual de entre eles fora o maior romanos. Assim, cada imperador na sua vez foi-se vangloriando dos seus feitos em vida, cada um mais valoros que o outro. Por fim chegou a vez de Marco Aurélio; este encolheu os ombros e disse simplesmente "Eu, humile filósofo tive apenas como única ambição de nunca fazer mal a ninguém.". Então foi ele coroado o maior dos romanos. Contudo não o maior dos homens: porque o Marco Aurélio filósofo, aquele que não desejava o mal de ninguém e que ironicamente teve que o causar para responder às exigências do Estado, foi prejudicado pelo Marco Aurélio imperador.

Algumas ideias

- A derradeira esperança da Humanidade está em não ter esperanças, pois não tendo esperança o Homem liberta-se da desilusão;
- Justiça para com os semelhantes;
- Indiferença perante o destino;
- Destemor perante a morte sendo que esta, à semelhança de Epicuro, consiste na dissolução dos elementos que compõem o ser humano.

Obra

Meditações