terça-feira, 13 de março de 2012

PLAUTO

Titus Maccius Plautus foi um dramaturgo romano que viveu durante o período republicano. Pouco se sabe da juventude, mas pensa-se que teria trabalhado como cenógrafo ou carpinteiro para o teatro, criando assim o gosto pessoal pela arte. Tendo o seu talento para a actuação sido descoberto, decidiu adoptar os nomes Maccius (personagem semelhante a um palhaço) e Plautus (que significa "pé-chato"). Foi tal o sucesso do poeta cómico que o seu nome passou a ser sinónimo de êxito ainda em vida. 
Do total das suas peças chegaram vinte e uma anos nossos dias, sendo que as suas comédias são exemplos das mais antigas obras em latim preservadas integralmente até à actualidade, sem descurar o facto de a maioria ser também adaptações de comédias gregas ao gosto romano. "Anfitrião" é a comédia mais apreciada na actualidade e tem sido alvo de várias adaptações no teatro, no cinema e na literatura.

segunda-feira, 12 de março de 2012

PORFÍRIO

Porfírio, ou Basílio Fenício, foi um filósofo neoplatónico e um dos mais importantes discípulos de Plotino, bem como compilador das suas obras. Escreveu também comentários às obras de Platão e Aristóteles. A sua obra mais importante é "Introductio in Praedicamenta", também conhecida por "Isagoge", que se tornou num texto importante nas escolas medievais.
Conta-se que Porfírio, após ter estudado com o romano Plotino, ganhou um tal horror ao corpo que se isolou num promontório da Sicília, evitando contacto humano. Plotino ouviu falar do sucedido e foi socorrer o discípulo, que convenceu de que o seu corpo era útil enquanto moradia da sua alma.
Sabe-se que casou com uma mulher chamada Marcella, uma estudante de filosofia que era viúva e que já tinha sete filhos; de resto, mais nada se sabe acerca da sua vida.

sexta-feira, 2 de março de 2012

EPICTETO

Epicteto foi um escravo nascido na Frígia por volta do ano 55 da nossa era que, contudo, acabou por tornar-se um filósofo de renome em todo o Império Romano.
Foi servo de Epafrodito, um secretário do imperador Nero; conta-se que era um homem muito severo e que tratava mal os seus empregados, de tal forma que uma vez deu um castigo tal a Epicteto que o deixou coxo para o resto da vida.
No ano 90 Diocleciano dá-lhe a liberdade e expulsou todos os filósofos de Roma; Epicteto, então, dirigiu-se para o Epiro onde passou a levar uma vida modesta e abriu uma escola de filosofia.
Em idoso tomou uma mulher como esposa, a fim de ter autorização para criar como seu um bebé que ia ser abandonado à nascença.
Epicuro faleceu cerca do ano 135 em Epiro, não deixando quaisquer escritos à semelhança de Sócrates (que apontava como o modelo do filósofo ideal). Tudo o que chegou aos nossos dias é fruto de um trabalho de arquivamento de Flávio Arriano, aluno de Epicteto e que, por devoção ao mestre, reuniu todas as notas de aula que o mestre dava aos seus alunos, compondo cerca de oito livros, dos quais apenas quatro chegaram aos nossos dias.

quinta-feira, 1 de março de 2012

EPICURO

Epicuro nasceu em Samos em 341 a.C. O seu pai, Néocles, foi um professor ateniense e implantou-lhe no coração o desprezo pela tirania; por seu turno a mãe fazia-se passar por médica da alma: ia de casa em casa sob o pretetxo de curar doentes com orações e encantamentos e assim ganhava a vida. Epicuro, ainda criança, era obrigado a acompanhá-la e a participar nas fraudes, facto que o levou na vida adulta a desprezar a superstição. Com catorze anos começou a ocupar-se da Filosofia e com dezoito mudou-se para Atenas, onde cumpriria dois anos de serviço militar e fundaria a sua própria escola destinada ao ensino da Filosofia; a escola de Epicuro mais não era jardim de sua casa, tanto que os seus alunos começaram a ser apelidados de "filósofos de jardim" e estava aberta a todas as classes, inclusive à dos escravos e das prostitudas. Isto porque, como defendia Epicuro, não há distinção de classes no reino do saber. Contudo tal facto levou a que não raramente se criassem boatos sobre a sua academia, frequentemente vista como um centro de devassidão quando, na verdade, mestre e alunos viviam juntos e levavam uma vida simples, a ponto de chegar à abstinência. É sabido que Epicuro tinha uma autoridade tão grande sobre os seus alunos que o lema dos mesmos fora de aulas era "Comporta-te sempre como se Epicuro te visse.".
Epicuro falecei aos 72 anos de idade em 270 a.C.; escreveu mais que 300 obras, contudo aos nossos dias apenas chegaram três cartas, as "Máximas Capitais", o "Testamento" e uma obra homónima da de Parménides de Eleia intitulada "Sobre a Natureza".

A inexistência de Deus

Para Epicuro o propósito de viver baseia-se em gozar a vida; mas, para que possamos gozá-la, devemos primeiro compreendê-la. Para isso temos que sabber quem somos, por que somos e o que somos, sendo que em relação a esta última pergunta para Epicuro não somos filhos de um deus benevolente, mas sim o resultado de uma Natureza indiferente; que tipo de deus racional destruiria na sua fúria os templos que lhe servem de culto arriscando-se a sair prejudicado e que tipo de deus benevolente pouparia uma criança da doença para depois a mandar morrer de um mal pior? A vida é, portanto, um acidente num universo mecânico e nada temos a temer dos deuses pois, como não nos criaram, não lhes devemos obediência nem somos seus escravos. O Universo é, sim, o resultado fortuito do movimento dos átomos através do espaço fortuito: esta é a teoria atómica de Epicuro.
Epicuro, ao contrário de muitos pensadores até então, nega a existência do Caos ou do nada, apresentando para isso três razões:

1. o Mundo não pode ter vindo do Caos porque nada pode ser criado do nada;
2. o Mundo não pode dissolver-se no Caos. O Universo, ou seja, o todo, já vem com uma máxima de matéria disponivel que se limita a moldar-se de acordo com o acaso, logo nada pode ser criado ou eliminado. Mesmo que o Mundo seja destruído isso não significa que a matéria que o compõe desapareça, antes vai formar ou pertencer a corpos novos.
3. como resultado da segunda razão, se nada se cria nem nada desaparece, apenas muda, a soma total de matéria permanece sempre a mesma.

O Mundo assenta numa infinidade eterna de coisas existentes, ou seja, átomos materiais; estes, portanto, nem nascem nem morrem, são imutáveis, dotados de movimento (sendo que é graças a ele que os vários átomos colidiram e formaram os corpos celestes e o que neles habita) e têm pesos e formas diferentes (desta forma Epicuro procurou explicar a diversidade de seres que habitam o mundo). Para mais, o nosso mundo não é o único que existe: Epicuro admite a existência de outros mundos que a mecânica universal do acaso também proveu com vida, com átomos com outras formas e combinações e portanto distinta da nossa.
Contudo, se Deus não existe, por que é que mesmo assim é importante que os homens se preocupem com os deuses? Epicuro explica que se os homens procurarem tornar-se divinos acabarão por finalmente tornar-se humanos; não apenas bestas escravas da sua vontade cega e imoral. Só na procura pela divindade se atinge a humanidade, portanto a verdadeira religião não é aquela que exige o sacrifício, assenta em superstições e cria o medo e sim aquela que fomenta a imitação dos deuses.

O Mundo e o Homem

O Mundo foi por si mesmo gerado como resultado da colisão acidental de um infinidade de átomos. Contudo, como sepode explicar que, nesse processo de criação do Mundo e da vida que o compõe, se tenha criado de entre uma infinidade de homens um excelso Homero? Ou qualquer outro homem singular? Epicuro responde, ao contrário da crença humana de que esses homens foram abençados pelos deuses, que tudo isso foi tão-somente resultado de tentativa e erro; pelo desenvolvimento gradual da matéria; pela eliminação dos incapzes e a sobrevivência dos mais aptos. A evolução, portanto.
No início a Terra, resultante da colisão de átomos em movimento, não passava de uma massa de argila, sem vida. Só mais tarde surgiram os elementos vegetais como a relva, os arbustos e as flores e finalmente, aí sim, apareceram os animais: a vida. O homem foi o último a aparecer em cena e andava totalmente nu, solitário, procurando defender-se dos animais ferozes dia após dia e assim errou pelo Mundo. Eventualmente vários homens perceberam que se se juntassem e refugiassem em cavernas ficariam muito mais protegidos. Este ajuntamento de pessoas, além de fomentar a sedentarização, levou ao desenvolvimento da fala e dos primeiros sentimentos de amizade. Então esses grupos de uma caverna começaram a trocar bens e ideias - e até violência - com outros grupos de outras cavernas e assim nasceu a guerra, o comércio, as artes e o conhecimento. Assim,  nossa civilização é mais do que um processo de evolução que capacita o homem a adaptar-se a um mundo cruel e a lutar pela sobrevivência. Isto já nos disse Epicuro no seu tempo.
A morte é simplesmente o fim da existência e a alma é mortal pois, tal como o corpo, teria também que ser feita de átomos individuais para existir, apenas não unidos de uma forma tão rígida e sim como algo mais semelhante ao ar ou à água. O corpo sólido funciona como um recipiente que contém os átomos da alma juntos. Quando o corpo morre e se rompe, os átomos que compõem a alma são libertados e voltam simplesmente para onde vieram, eventualmente participando em novas colisões de átomos e novas criações materiais. Por isso fora do corpo não há nem pensamento, nem memória, nem entendimento, nem sensação, nem vida.

Premissas para a felicidade

Epicuro diz-nos que, já que portanto não podemos subjugar a morte, podemos ao menos demsistificá-la para que não vivamos sempre com medo dela; afinal, por que é que se há-de ter medo daquilo que nos liberta das loucuras em que anda o Mundo? Assim, ponhamos de lado o medo da morte e pensemos apenas nas vitórias que podemos conseguir ao menos em vida; e mesmo por essas não devemos sofrer com o medo de não termo para as alcançar, pois a morte liberta-nos também do sofrimento de as não ter alcançado.
Se no início Epicuro pregava uma vida hedonista, aos poucos foi-se apercebendo que o maior prazer é, na verdade, a completa ausência de dor. Propõe-nos que nos comportemos como consciências que apenas observam, à distância, as inquietações e tumultos do Mundo. Ver a vida como se fora um filme, mas sem nunca participar nesse filme. Aqui entre nós, acho que todos temos noção de que, se de repente toda a gente se tornasse rigidamente epicurista, o mundo paralizaria... Mas o epicurismo pode ser de inegável valor desde que assumido dentro do que é necessário para cada um.
Para Epicuro apenas por uma coisa valia verdadeiramente a pena lutar em vida: a amizade. A única maneira de sermos felizes consiste em convidarmos os outros a partilhar a nossa felicidade. A amizade surge, então, como o único dom e acto de piedade do Mundo para nos reconciliar com a vida, já que a libertação dos seus sofrimentos só acontecerá na morte.

Obras

A Hérodoto - A Meneceu - A Pitocles - (...)